sábado, 17 de fevereiro de 2018

Sexo fora do convencional

E o prazer da surpresa

Não é nada difícil transar de forma diferente, até porque o sexo convencional (o tradicional) é o romântico e simplesinho papai e mamãe. Qualquer coisa diferente disso, até o sexo oral, já seria por si uma relação fora do convencional.

Não só as posições do Kama Sutra, mas qualquer ato curioso, com ou sem amor, inusitado, surpreendente... sem falar dos que se caracterizam pelo excesso de violência, e daqueles que dão até asco - sempre com muita criatividade.

O sexo em si não deixa de ser um ato violento, mesmo que o imaginemos como nos romances, em slow motion. Até a velha "posição do missionário" (papai-mamãe), para ser realmente prazerosa, necessita de um bom conhecimento do próprio corpo e seus limites. E é nesse 'limite anatômico' que muitos querem fazer diferente, seja pelo lado quantitativo ou pela qualidade. Tentar bater seu próprio recorde quanto ao tamanho do membro ou coisa que possa entrar no ânus, como se fosse um alargador de orelha, é um exemplo desta 'olimpíada' em superar as próprias limitações físicas e morais.

Jogos mentais

Contudo, a maioria das viagens ou fantasias sexuais fora do convencional são afloradas pelo lado lúdico da coisa. Brincadeiras ou jogos sensuais (com mentalidade libidinosa), de envolvimento mais psicológico (quem conduz, quem domina?), ocasionando as reações emocionais de prazer sexual, ainda que não haja 'sexo' de verdade.


Muitas destas práticas ocorrem sem a clássica penetração ou sexo oral, e até mesmo sem o intuito de atingir o orgasmo - ou uma modalidade de relação íntima entre pessoas, onde a gozada pode ser bem diferente de ejaculação.

Neste contexto conceitual, as relações, suas ações e reações, estão correlacionadas na usurpação dos padrões culturais, ou o que manda "a moral e os bons costumes" - podemos sentir prazer só de estar fazendo algo pela primeira vez (a sexy novidade).


O clichê pornô

Quase sempre os vídeos pornográficos seguem um mesmo roteiro como uma espécie de ritual: flerte, pegação, sarro, beijo, boquete / cunete e sexo anal, deixando o suposto orgasmo para o final. Poucos mudam a ordem destas preliminares ou deixam de mostrar alguma delas. Mas, na vida real, sabemos que nem sempre é possível fazer todas estas honras (do sexo), podendo talvez gozar até sem ter tirado a roupa.

Poucos desses vídeos, porém, geralmente amadores, saem um pouco do trivial, começando a cena já na penetração, ou mostrando qualquer coisa diferente do roteiro clichê. Em alguns, nem rola sexo de fato (penetração, coito), mas podem render em ótimas punhetas. Outros, desviam-se dos esteriótipos de macho bombado e depilado, se destacando também pelo diferencial na escolha dos atores, além das suas atuações. Aliás, muitos vídeos acabam usando o lugar-comum das roupas de couro e látex, tapa-sexo e piercing, mesmo sem corresponder ao universo Leather.



'Curiosos'

Os chamados curiosos são justamente aqueles que deliram numa possibilidade inusitada de putaria, mesmo não tendo coragem para irem até o final. Heterossexuais que experimentam alguma sacanagem gay, só pra ver como é, além da prazerosa adrenalina do proibidão, e saindo do convencional (ultrapassando os próprios limites) - também os lugares, na fantasia erótica de transar em qualquer lugar que não seja tão óbvio quanto numa cama.



A dominação virtual

Na verdade, este novo tipo de prática sexual está ligado ao BDSM (Bondage, Dominação, Sadismo e Masoquismo) e ao sexo virtual, sendo melhor definido como 'dominação à distância'. Por sua vez, o 'sexo virtual' pode ser considerado em, pelo menos, dois momentos: o sexo à distância pela internet, e o sexo com programas, aplicativos e games que simulam situações sexuais com o participante, também no computador.

Em ambos os casos, a dominação à distância sugere que o dominador se relacione com o submisso em lugares distintos - não presencial, principalmente através de chat pela webcam. Além disso, tem os jogos eróticos e até a 'prostituição virtual',daquelas com minutos pagos para assistir um striptease ou algo mais.

Para os conservadores e adeptos do BDSM real e legítimo, as conversas on line podem sim serem usadas, mas para o início da coisa, para saber como é o outro, seus interesses, práticas, marcar encontros, para ver se 'rola química' e essas coisas. Estes não dispensam o olho no olho, e muitos nem consideram possível este tipo de interação feita de longe. Mas, na era dos celulares poderosos, há também a possibilidade de dominar o outro...  full time! - estar conectado o tempo inteiro, seguindo todos os passos do parceiro pelo GPS e podendo escolher comandar via mensagem de texto, vídeo ou por uma simples ligação telefônica.

Por outro lado, se a dominação / submissão já se inicia nestes primeiros contatos longe um do outro, por que não seria possível manter toda a relação à distância? Mas aí tem um probleminha: será que quem está do outro lado é confiável o bastante para se entregar completamente ao 'prazer virtual'?  - dúvidas se o outro está realmente sendo sincero, aberto ou se tem problemas em se expressar... E qual seria o verdadeiro interesse desse contato íntimo virtual? 'Será que estou 'sendo filmado?'!



Bondage

Bondage é um fetiche, geralmente inserido nas relações sadomasoquistas (BDSM), onde o prazer consiste em amarrar e imobilizar o parceiro, podendo ou não haver penetração ou outras interações sexuais. Esta modalidade, na sua forma pura, é simplesmente ver o outro imobilizado ou sentir-se completamento à mercê do parceiro, sem poder se mexer ou fazer nada.

Os objetos mais utilizados no bondage são: cordas, algemas (também tem algema de dedos), grilhões, camisa de força, coleiras, mordaças, vendas, electroejaculadores, correntes e cadeados e, inclusive, cintos de castidade. O que o dominador vai fazer além disso, vai depender em cada caso - alguns utilizam a situação para 'abusar' sexualmente do outro, espancar, cuspir... porém, muitos sequer mantém contato físico.



Fisting


Fist fuck ou fisting ou fist fucking, originalmente chamado de bractoproctosigmodismo ou, no popular, enfiar a mão e, ou o braço no rabo ou na vagina. Do latim brachio procticus para o sexo anal,  onde o prazer estaria relacionado nas sensações que são proporcionadas pela distensão do ânus.

O fisting pode ser praticado independente da sexualidade. Uma das formas, inclusive, é a dupla-penetração, que pode ser tando no sentido de sentar em duas rôlas, quanto ter uma na perseguida e outra no cu. Assim, o adepto pode ser gay, bi ou hétero.

O risco, além da dor e possíveis sangramentos, é o de contaminação através das unhas (mesmo lavadinhas) causando infecções e, ou doenças sexualmente transmissíveis (DST), sendo aconselhável o uso de luvas de látex (estéril) e muita lubrificação no local.


Fisting



Spank

Spanking é simplesmente bater na bunda de alguém até causar dor com as palmadas. Tudo, porém, sem maiores danos físicos. Mas como o assunto é 'fora do convencional', estas regrinhas conceituais podem também caírem por terra. No spank, é geralmente utilizada a mão aberta para os tapas e tapões, com o objetivo de deixar o traseiro 'espancado' vermelho e inchado.

Este formato original, deixando as marcas das mãos ao bater (a 'raquetada'), pode envolver também outras formas ainda mais agressivas de espancamento, como a utilização de artefatos do tipo palmatória, tábuas de madeira, chicotes, varas e cassetetes... como aconteceria em certos castigos e torturas.

A surra, com ou sem as mãos, está relacionada ao sadomasoquismo, em que o sádico sente prazer na punição, na dor e no desconforto do outro e, por sua vez, o masoquista com o castigo, com o espancamento e, principalmente, com a dor transformada em prazer. Na pornografia, é geralmente representada junto a cenas de BDSM e hard sex.

Historicamente, é uma modalidade com origem na educação antiga, aplicada por pais e professores, na época em que se disciplinava através da chibata - hoje, a palmada, mesmo como recurso didático dos pais, é proibida no Brasil. Assim, muitos adeptos preferem quando acontece entre jovens e alguém mais velho, relacionando-se também com outras fantasias sexuais - ou suas inversões: um policial apanhar de cassetete; o patrão levar uma surra do funcionário; o professor apanhar do aluno... Sempre como uma 'punição' por um 'mal comportamento'.


Man Spanked by Cowboy

Já o spanking grupal tem geralmente um aspecto de 'brincadeira', como se fosse um ritual social (de passagem), semelhante aos trotes ou 'estupros' em grupo (gang bang). Muitas vezes, as sessões são filmadas pelos participantes e compartilhadas como uma forma de entretenimento para os sádicos de plantão.



Gang bang

O termo gang bang nasceu da indústria do sexo, sempre ávida por realizar filmes onde uma das estrelas pornô mantém relações sexuais com três ou mais pessoas, e deixando fazer com ela gato e sapato. Assim, o vocábulo gang bang denomina também as reuniões de sexo grupal onde todos estão 'contra' um.

O gang bang pode ser entre vários homens, um homem e várias mulheres ou vários homens, ou ainda várias mulheres e homens simultaneamente. Para os adeptos gays, geralmente é um passivo e um grupo de ativos. Este passivo, por sua vez, funcionará como um "barril" (uma gíria de marinheiros), saciando com seus buracos um a um dos ativos, seja por sexo oral, anal, pelo spanking, ou apenas pela humilhação sofrida.

Na pornografia, de uma forma geral, este fascínio por performances espetaculares, acima dos limites normais de sexo, é quase uma constante. Muitas atrizes e astros pornôs ficaram famosos por fazerem cenas deste tipo. Na série de filmes pornô Black Balled, os atores principais transam com todo o elenco e todos entre si, num delicioso sexo em grupo (também fora do convencional por ser com mais gente e não por uma dupla ou casal). No sexo grupal e em público, tem vídeos que mostram festinhas em bares, com vários participantes e, ao mesmo tempo, voyeurs que filmam as cenas nos seus celulares, com o intuito de publicar na web.


Black Balled 6 (Full Movie)


Gay Bareback Gangbanged


Hot Gay Gangbang in a Public Bar


Gouinage

Gouinage é um termo francês que vem das relações homossexuais entre mulheres, referindo-se ao sexo sem penetração. Tanto hoje quanto antigamente, é uma modalidade bastante apreciada entre gays e héteros, principalmente quando não se tem tempo ou condições de "ir até o final". É o famoso sarro, rela-rela ou esfrega, chegando ao orgasmo sem nenhum tipo de penetrabilidade.

Os mais radicais consideram fora deste jogo qualquer tipo de penetração, ainda que não seja com o pênis. Nada de boquete, enfiar os dedos, a língua... sendo permitido no máximo beijos na boca como acompanhante do sarro. Mas a maioria inclui neste 'sexo sem coito' as chamadas preliminares de uma relação 'normal', excitando o parceiro através de carícias, masturbação, sexo oral (também cunete) e fisting (com os dedos).


O objetivo do gouinage é simplesmente causar prazer sexual no outro e vice-versa, sem penetração, e com um posicionamento de igual para igual entre os parceiros. Nesta modalidade não há passivo ou ativo, dominador e submisso, exigindo assim muita criatividade.

Embora parecido com um tipo de sexo incompleto, principalmente com as conhecidas preliminares, o gouinage se mostra possível não só entre as mulheres, que não têm pênis e conseguem realizar plenamente o sexo entre elas, mas também entre os homens onde, por exemplo, coincide dos dois serem só ativos ou só passivos - o que pode dificultar, mas não impede nenhuma transa.

Como não há penetração, o ato sexual é todo dedicado à exploração dos sentidos: o olhar, o toque, o cheiro, o gosto... - a famosa "pegada". E quem nunca sentiu um imenso prazer num simples abraço? Assim, o gouinage dispensa a penetração, na certeza de que é possível chegar ao ápice sem o sexo convencional.

Polêmico, haja vista que no sexo propriamente dito tem que haver penetração, o gouinage mais liberal, vamos assim dizer, não deixa de ser uma alternativa também para o sexo às escuras, com desconhecidos e, ou em lugares impróprios. Seja pelo fato de não haver segurança ou condições propícias para se fazer o sexo com penetração, ou por questões relacionadas à integridade física como, por exemplo, a prevenção de doenças ou os possíveis incômodos físicos do coito.

Afinal, a vida real não é como nos filmes pornôs, onde a penetração é sempre fácil, sem dor, etc. E nem todo mundo sente prazer na penetração, sentindo só dor ao invés de prazer (mesmo usando todos os lubrificantes!) - pode ser uma questão de anatomia. Já ouvi muito homem dizendo ser doido pra dar, mas que não aguentavam por doer muito. Por outro lado, tem também aqueles com dificuldades em manter a ereção durante a penetração, podendo o gouinage servir como uma alternativa.


Classic Gay Hentai Anime Boys



Asfixiofilia

É o prazer em se sentir asfixiado durante o sexo, com o objetivo de aumentar o prazer do orgasmo. Geralmente, são utilizadas as próprias mãos, mas tem outras formas de sufocamento com sacos plásticos, com o próprio pênis, ou bondage específica para deixar o mínimo de ventilação, como as feitas de gesso ou resina, cobrindo todo o corpo do adepto à "asfixia autoerótica".

Com altos riscos para a saúde, principalmente pelo fato de ser praticada em momentos de 'delírio erótico', a busca deste prazer exacerbado pode custar bem caro, ocasionando reações acidentais e indesejáveis. Algumas celebridades acabaram morrendo durante a prática: o ator David Carradine (Kill Bill), o repórter da BBC Kristian Digby, o vocalista do INXS Michael Hutchence, e até um personagem de desenho animado, Kenny McCormick, da série South Park, como crítica a este estranho prazer.



O sexo criativo

Por falar em criatividade, podemos esperar que o sexo fora do convencional pode ter infinitas formas (sempre passível de novidades e modismos), com ou sem brinquedinhos, contato físico ou virtual, leve ou sofrido, satisfazendo-se gozando ou apenas sentindo um prazer intenso, como se fosse um orgasmo prolongado.

Na trilha para fazer sexo sempre de uma forma diferente, alguns são mais sutis, outros, mais bizarros. A variedade ou diversidade do sexo 'anticonvencional' geralmente é envolvida pelo fascínio das fantasias sexuais e, principalmente, dos fetiches - usar fraldas, chupar bico ou chupeta e agir como um bebê (diapers); transar usando calcinha, meias finas e roupa de mulher (crossdressing); beber xixi (pissing ou chuva dourada); usar fantasia de bicho de pelúcia ou super-herói (fursuit); zoofilia; dominação em público, fazer 'cadeado' (foder o próprio rabo); ingerir excrementos; ser torturado; fazer sexo com mendigos, bêbados... E tantas outras fantasias românticas, principalmente as mais eróticas, com possibilidades para a humilhação, dominação sexual ou, menos agressivo, para a equiparação de papéis na cama, para o sexo leve, divertido e diferente. Enfim, é uma lista que nunca acaba (o termo Gouinage, por exemplo, fiquei conhecendo a pouco tempo através de um comentário aqui no blog - e logo pensei: #QuemNunca?).

É uma questão de ponto de vista. Hoje, até o tradicional papai e mamãe pode ser fora do convencional, se for feito, por exemplo, sem camisinha (barebacking). No Orgasm Wars, um reality show japonês, os participantes (gays) tem como tarefa fazer um hétero gozar com um bom e velho boquete.

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